A mitologia celta é repleta de criaturas místicas que despertam a curiosidade de todos que se aventuram a conhecê-las. Ao longo dos séculos, essas entidades têm habitado as histórias e lendas do folclore celta, criando um legado de mistério, encantamento e sabedoria ancestral.
Neste artigo, vamos explorar 12 das principais classes de criaturas da mitologia celta, desvendando suas histórias, características e o papel que desempenham nas tradições e crenças desse povo da Europa Antiga.
Índice de Conteúdo
# 1 – Selkies
A mitologia celta apresenta os selkies como criaturas do mar, que podem assumir tanto a forma humana como de uma foca. São conhecidos por sua beleza e voz encantadora, e muitas vezes são retratados em histórias de amor proibido entre humanos e selkies. No entanto, se um selkie encontrar sua pele de foca, ele retornará ao mar e nunca mais será visto.
# 2 – Pookas
O Pooka é uma criatura travessa que pode assumir diferentes formas, como um cavalo preto ou uma lebre. Ele adora pregar peças nas pessoas, mas também pode ser um aliado leal.
É frequentemente retratado como um cavalo preto de olhos flamejantes, galopando pela noite e assustando os viajantes solitários. Sua forma de lebre também é comum, especialmente quando deseja ser mais furtivo e brincalhão. Seja qual for a forma que escolha, o Pooka é conhecido por sua natureza imprevisível e seu gosto por truques e travessuras.
Apesar de suas brincadeiras, o Pooka é considerado uma criatura benevolente e, em algumas histórias, até mesmo um protetor dos animais e da natureza. Acredita-se que ele possa trazer sorte para aqueles que o respeitam e tratam com bondade.
# 3 – Sidhe
Os Sidhe são criaturas da mitologia celta consideradas seres sobrenaturais que habitam o Outro Mundo. São uma parte essencial da mitologia celta e continuam a fascinar e encantar aqueles que mergulham nas histórias e lendas da cultura celta. Eles são conhecidos por sua beleza e poderes mágicos.
Os Sidhe são uma parte essencial da mitologia celta, sendo considerados como uma espécie de “povo das colinas” ou “povo das fadas”. Eles são descritos como seres imortais, elegantes e etéreos, dotados de uma beleza deslumbrante que encanta a todos que os veem. Sua aparência é geralmente descrita como seres humanos altos, esbeltos e de beleza sobrenatural, com cabelos brilhantes e olhos radiantes.
Além de sua aparência encantadora, os Sidhe também são conhecidos por seus poderes mágicos. Eles são capazes de manipular a natureza, controlar os elementos e até mesmo conceder dons e bênçãos aos humanos. Diz-se que eles têm a capacidade de curar doenças, trazer prosperidade e até mesmo realizar desejos. No entanto, também são conhecidos por sua natureza caprichosa e volúvel, podendo trazer tanto alegria quanto tristeza aos humanos que interagem com eles.
# 4 – Fomorians
Os Fomorians, ou Fomorianos, são uma raça mítica de gigantes da mitologia celta, particularmente conhecidos nas tradições irlandesas. Representando o caos, a destruição e o poder sombrio da natureza, eles habitavam o mar e as ilhas costeiras e frequentemente entravam em confronto com os deuses e as tribos humanas. Descritos como criaturas desformes e de aparência monstruosa, possuíam características físicas grotescas, como membros e olhos desiguais, refletindo seu papel maligno e imprevisível. Os Fomorians eram frequentemente associados a desastres naturais e doenças, simbolizando forças que escapavam ao controle humano e divino.
Embora fossem considerados seres das trevas, os Fomorians mantinham relações complexas com os Tuatha Dé Danann, os deuses principais da mitologia celta. Em algumas versões dos mitos, havia alianças e até laços de parentesco entre essas duas raças, com personagens como Balor, o temido líder dos Fomorians, que teve netos entre os Danann. No entanto, essas relações não impediram o confronto final entre as duas raças, conhecido como a Segunda Batalha de Mag Tuired. Nesta batalha, os Tuatha Dé Danann derrotaram os Fomorians, selando o fim de sua influência sobre o mundo. Os Fomorians permaneceram como símbolos de forças indomáveis, sendo eternamente lembrados como uma representação do perigo e do caos na mitologia celta.
# 5 – Leanan Shide
Os Leanan Sidhe, conhecidos também como “musas fatais” da mitologia celta, são fadas encantadoras que inspiram artistas e poetas com dons extraordinários, em troca de uma parte vital de sua energia. Sua natureza mística e sedutora cativa os criadores, atraindo-os com um fascínio quase irresistível. Os artistas que caem sob o encanto de uma Leanan Sidhe produzem obras de profunda inspiração, mas ao custo de seu vigor, muitas vezes encontrando um destino trágico. Esta figura mítica representa tanto a dádiva da criação quanto os perigos da paixão e do excesso, uma vez que a energia cedida para manter sua criatividade eventualmente leva os artistas a uma vida curta.
No entanto, os Leanan Sidhe não são meras vilãs, mas símbolos das complexas relações entre a criatividade e o sacrifício. Elas são frequentemente vistas como seres entre o amor e a destruição, dando a seus amantes visões e talentos fora do comum, mas à medida que drenam suas forças, acabam os conduzindo à exaustão. Por isso, elas representam a intensidade dos sentimentos artísticos e os perigos das paixões avassaladoras, onde o preço pelo dom criativo pode ser a própria vida. A imagem da Leanan Sidhe sobreviveu através dos tempos como uma metáfora para a relação entre a inspiração e os sacrifícios necessários para alcançá-la.
# 6 – Bean-Nighe
A Bean Nighe, também conhecida como “Lavadeira dos Mortos,” é uma figura sombria e enigmática da mitologia celta, especialmente no folclore escocês e irlandês. Ela é frequentemente vista nas margens de rios e lagos, lavando as roupas ensanguentadas de guerreiros que estão prestes a morrer. Diz-se que aqueles que veem a Bean Nighe sabem que seu próprio destino está selado ou que a morte de um ente querido se aproxima. Com sua aparência espectral e seu lamento melancólico, a Bean Nighe simboliza o presságio de morte e é um lembrete da proximidade inevitável do destino.
Apesar de sua natureza aterrorizante, a Bean Nighe também é uma figura de compaixão e ligação com o outro mundo. Algumas lendas dizem que ela é o espírito de uma mulher que morreu ao dar à luz e, por isso, vaga como uma mensageira entre os mundos, sendo capaz de oferecer vislumbres do futuro. Em algumas histórias, uma pessoa que se aproxima dela pode conseguir alterar seu destino ou o de outros, desde que consiga abordá-la sem ser notada. A Bean Nighe é, assim, uma personificação do mistério e da inevitabilidade da morte, uma presença silenciosa e sobrenatural que conecta o mundo dos vivos ao além.
# 7 – Each Uisge
Os Each Uisge são espíritos aquáticos malignos da mitologia celta, especialmente associados às águas da Escócia. Conhecidos por sua habilidade de metamorfose, esses seres normalmente assumem a forma de cavalos majestosos para atrair vítimas. Quem monta em um Each Uisge é levado ao fundo de lagos ou rios, onde o espírito devora suas presas, deixando apenas os fígados boiando na superfície. A aparência encantadora e dócil desses cavalos cria um contraste sinistro com sua verdadeira natureza, transformando a figura do animal em um predador temido.
Além de cavalos, os Each Uisge também podem aparecer como humanos, geralmente em ambientes próximos à água, buscando atrair incautos. Embora se pareçam com pessoas comuns, frequentemente possuem traços aquáticos ou vestígios de algas, denunciando sua origem sobrenatural. Histórias sobre os Each Uisge alertam as pessoas para evitar cavalos desconhecidos próximos a lagos, pois esses espíritos, diferentes dos Kelpie, são particularmente perigosos em águas paradas e litorâneas, representando a ameaça das águas profundas e misteriosas da Escócia.
# 8 – Sluagh
Os Sluagh são espíritos sombrios e inquietos da mitologia celta, conhecidos como “hordas dos mortos” que vagam pelos céus à noite. Originários das almas de pessoas que morreram sem descanso ou que foram particularmente cruéis em vida, esses espíritos são temidos como seres perturbadores e implacáveis. Geralmente descritos como um enxame de sombras ou corvos negros, os Sluagh sobrevoam em busca de almas vulneráveis, às vezes sendo comparados a uma versão das Valquírias da mitologia nórdica, mas com um aspecto muito mais sombrio e ameaçador. Diz-se que eles viajam em bandos e atacam especialmente aqueles que estão prestes a morrer ou que se encontram sozinhos, caçando almas para juntar às suas fileiras.
A presença dos Sluagh está cercada de mistério e medo, pois são considerados uma das manifestações mais perigosas do Outro Mundo. Segundo a tradição, para evitar ser levado por essas almas errantes, as pessoas fechavam janelas e portas voltadas para o oeste, direção associada à entrada dos Sluagh. Esses espíritos sombrios representam a vingança dos mortos e a punição após uma vida mal vivida, lembrando aos celtas a importância do respeito à vida e ao próximo. Mesmo com o passar dos séculos, as lendas sobre os Sluagh persistem como avisos sinistros sobre a morte e as consequências de atos malignos, sendo figuras temidas e evitadas nas histórias populares irlandesas e escocesas.
# 9- Fadas (Aos Sí)
As Fadas, conhecidas como Aos Sí na mitologia celta, são seres encantados que habitam o Outro Mundo, uma dimensão mística que coexiste com o mundo dos mortais. Com aparência etérea e beleza sobrenatural, essas fadas representam tanto a harmonia quanto o mistério da natureza, e sua presença é associada a lugares como colinas, florestas e rios, onde o véu entre os mundos é mais tênue. Acredita-se que os Aos Sí descendem dos antigos deuses celtas, os Tuatha Dé Danann, que teriam se retirado para o Outro Mundo após serem derrotados pelos humanos. Esses seres são vistos como guardiões da natureza, mas também são conhecidos por sua dualidade, podendo ser benevolentes ou perigosos, dependendo de como são tratados.
Os Aos Sí interagem ocasionalmente com os humanos, embora tais encontros possam ser tanto benéficos quanto desastrosos. Para os celtas, honrar e respeitar as fadas era fundamental, pois elas podiam trazer sorte e prosperidade ou maldições e infortúnios para quem as ofendesse. Comportamentos como deixar oferendas em colinas ou pedras sagradas eram formas de apaziguá-las. Nas lendas, há relatos de mortais sendo levados para o Outro Mundo, onde experimentam a passagem do tempo de forma diferente, com minutos lá podendo significar anos no mundo humano. As Fadas, assim, ocupam um lugar especial no imaginário celta, simbolizando o equilíbrio entre o visível e o invisível, o sagrado e o perigoso, perpetuando a magia e o mistério que rodeiam as paisagens naturais da cultura celta.
# 10 – Leprechaun
Os leprechauns são criaturas da mitologia irlandesa, frequentemente retratadas como pequenos seres encantados que habitam florestas e colinas. Eles são conhecidos por sua aparência peculiar, com trajes típicos que incluem um casaco verde, um chapéu de aba larga e botas de fivela. Geralmente, são descritos como astutos e brincalhões, possuindo uma habilidade especial para criar e consertar sapatos, o que é uma parte importante de sua tradição. Além disso, os leprechauns são frequentemente associados a um pote de ouro escondido no final do arco-íris, simbolizando sorte e riqueza.
Na cultura popular, os leprechauns ganharam notoriedade, especialmente durante as celebrações do Dia de São Patrício, onde se tornaram símbolos da herança irlandesa. Eles são frequentemente representados em histórias, filmes e até mesmo em campanhas publicitárias, muitas vezes como personagens cômicos e travessos. Apesar de sua imagem divertida, os leprechauns também carregam uma certa aura de mistério e magia, refletindo a rica tradição folclórica da Irlanda, onde suas travessuras e sabedoria ancestral continuam a encantar pessoas ao redor do mundo.
# 11 – Kelpie
Os Kelpie são espíritos aquáticos da mitologia celta, especialmente populares na Escócia, onde habitam rios e lagos. Esses seres assumem a forma de cavalos negros, atraindo humanos, especialmente crianças, para montarem em suas costas. Assim que uma pessoa se senta, o Kelpie se lança nas águas profundas, levando a vítima para o fundo, onde a afoga. São criaturas traiçoeiras, e sua aparência majestosa esconde a natureza predadora, simbolizando o perigo e o mistério das águas inexploradas.
Além de sua forma equina, os Kelpie também podem se transformar em humanos atraentes para enganar ainda mais as pessoas. No entanto, mesmo em forma humana, eles sempre retêm algum traço aquático, como cabelo úmido ou roupas com algas. Algumas lendas dizem que capturar e domar um Kelpie pode conceder grande força e poder, mas poucos sobrevivem a tal tarefa. A lenda dos Kelpie alerta sobre o fascínio do desconhecido e o perigo das águas, perpetuando-se como uma das histórias mais sombrias e icônicas do folclore celta.
# 12 – O cão Negro
Os Cães Negros, conhecidos também como Black Dogs ou Cú Sith na Escócia, são criaturas espectrais associadas a presságios de morte e infortúnio na mitologia celta e no folclore britânico. São descritos como grandes cães de pelos escuros, muitas vezes com olhos brilhantes que parecem arder em chamas. Essas aparições sinistras surgem geralmente em locais sagrados, cemitérios ou encruzilhadas, onde a presença de um Cão Negro é vista como um aviso para aqueles que os avistam, simbolizando uma conexão direta com o sobrenatural e o submundo.
Esses cães espectrais são também guardiões, especialmente dos mortos ou dos lugares sagrados, e sua função pode variar entre proteger os locais sagrados ou aterrorizar viajantes desavisados. Algumas lendas descrevem os Cães Negros como guias das almas, ajudando-as a passar para o outro lado, enquanto outras narrativas os retratam como ameaças que caçam aqueles que cruzam seu caminho. A figura do Cão Negro reflete o mistério e o medo da morte, tornando-se um símbolo poderoso da mitologia celta e do folclore europeu.
Influencias na cultura contemporânea
Muitas das criaturas da mitologia celta exercem uma influência significativa na cultura contemporânea, refletindo-se em várias formas de arte e entretenimento. No cinema e na TV, criaturas como Selkies e Leprechauns aparecem em produções populares. Por exemplo, o filme O Mistério da Ilha (The Secret of Roan Inish) apresenta Selkies como seres que podem se transformar em humanos, explorando temas de identidade e pertencimento. Os Leprechauns, por sua vez, têm sido retratados em comédias e filmes de aventura, como O Duende (Leprechaun), que traz uma visão mais sombria e cômica dessa figura tradicional irlandesa.
Na música e na literatura, figuras como os Sidhe e as Fadas (Aos Sí) permeiam canções e contos, evocando o misticismo e a magia da cultura celta. Artistas como Loreena McKennitt frequentemente utilizam elementos da mitologia celta em suas letras, e livros como As Crônicas de Artur, de Bernard Cornwell, incorporam esses seres místicos, atraindo a atenção de leitores que buscam uma conexão com o folclore e a magia celta. Além disso, a Leanan Sidhe, uma musa poética, aparece em obras que exploram a relação entre criatividade e inspiração, mostrando como o amor e a arte estão interligados.
Os jogos também são um espaço rico para a exploração da mitologia celta. Jogos de RPG como “Dungeons & Dragons” introduzem criaturas como Each Uisge e Kelpie, que são usados como antagonistas intrigantes, refletindo o temor e a fascinação por estas entidades. Além disso, o jogo “Dark Souls” e a série “The Witcher” incorporam muitos elementos do folclore celta, como o Sluagh, uma horda de almas inquietas, trazendo uma atmosfera sombria e mística que cativa os jogadores. Essas representações modernas mostram como a mitologia celta continua a inspirar narrativas e criar universos ricos em imaginação.
Matheus Cunha é um entusiasta das mitologias asiáticas, dedicado a explorar e compartilhar as ricas tradições e crenças desse patrimônio cultural diversificado. Sua paixão pelos mangás, filmes e mitos asiáticos o motivaram a criar e manter o Mitológiko e compartilhar parte de suas pesquisas e conhecimentos. Seu maior sonho é conhecer o Japão.